Desistência

Neblina no Vale da Morte

Ando meio desesperançoso. Sei pouco do que me conduz a esse sentimento, ou nem sei, são suposições. Mas, fato posto, ando meio desesperançoso.

Faço cada vez mais reflexões acerca de mim mesmo, o que sou, em que estou me transformando, ou o que há no fim do caminho para o qual me direciono. Nesse caminho, uma coisa é certa: cansei de tentar entender o ser humano, em sua grande maioria esse indivíduo não merece mais tentativas de explicação.

Será que é isso? Abandonar cada vez mais pessoas ao meu redor? Mergulhar definitivamente no meu mundo particular, cheio de tipos saídos de filmes do Burton, ou do Leone, ou então do Terry Gillian? Ou então saídos de livros do Júlio Verne, do Alexandre Dumas, do Woody Allen?

Também ando em um momento em que não quero perder tempo com coisas pequenas, quero saber mais, quero saber onde tem mais, aqui é muito pouco. Culpa do Sagan, da semente de curiosidade que ele me colocou na mente.

Por outro lado, pareço ter voltado definitivamente ao convívio dos pouquíssimos amigos de uma vida inteira, aqueles com os quais aprendi a falar, escrever, aqueles que foram parte da minha própria construção. Levei quase trinta anos para me sentir à vontade, sou assim mesmo, lento. São esses os amigos verdadeiros, aqueles que respeitam a minha opinião de verdade, mesmo que seja antagônica à deles. Voltei à amizade pura, sem cobranças, segundas intenções, sem a eleição de sacos de pancada psicológicos. Eles não me fazem sentir melhor ou pior, e sim igual a eles.

Essa mistura de percepções e sentimentos me leva a lugares inóspitos de minha própria imaginação.