O dia em que Schummy quis fazer todo mundo de otário.


Mônaco 27 de maio – Urgente

Têm muita gente defendendo o Alemão, outras tocando no traseiro dele e me sinto no direito de dar a minha opinião: Ele atrapalhou deliberadamente o Alonso. Diz o Gomes que não, que todos estão errados, que o Brasileiro cai de pau em cima do Schumacher… Mas é que não dá pra não achar isso. O Alemão insiste em dizer que não está na Fórmula 1 pelos recordes, que na realidade faz o que gosta e os resultados são apenas um reflexo disso. Permito-me não concordar. Não sou ninguém para julgar ou tentar entender o que se passou na cabeça do cara, mas pensem: A única marca que não lhe pertence, o último titulo de que não é dono, é o de Rei de Mônaco. Esse ainda pertence a Ayrton Senna, com seis vitórias que poderiam ser oito não fosse o Jacky Ickx e um pouco de desconcentração, nessa ordem. A sede por esse título, o diabinho ao lado esquerdo da consciência, a ânsia de ao menos igualar esse recorde do Senna, para que não ficasse nada para trás, para que não deixasse mais nenhum serviço por fazer, para que ninguém absolutamente pudesse falar que ele tem os maiores números, mas que no braço o bom mesmo era o Senna, pesou na moringa do Schummy, pesou desde 2001 e cada vez mais, até que se tornou praticamente insuportável durante o treino classificatório do último sábado no principado. E eu que não gostava do Senna, achando ele marrento demais? Pobre sentimento o meu, esse alemão é muito pior, ele além de não gostar de perder, como o Senna ou qualquer piloto que almeje um lugar ao sol no grid da Fórmula 1, também não sabe perder. A discussão que foi freqüente no fim de semana dessa corrida era de como as pessoas podem julgar a manobra, se não estavam dentro do carro e do capacete do Schumacher? Se não se pode julgar ele culpado, como então se pode achá-lo inocente? No meu humilde ponto de vista de não-piloto com um mínimo de bom-senso, ele sabe fazer manobras milimétricas. Ele pode, ele tem talento para isso e freou o carro deliberadamente, pois sabe que quem larga em primeiro provávelmente ganha em Mônaco. Aos defensores que dizem ser impossível raciocinar esse tipo de manobra em milésimos de segundo, lembro que um piloto médio de Fórmula 1 faz coisas muito mais complexas em tempo as vezes inferior. Ora bolas, ele é muito talentoso, não ganhou mais de 80 corridas por abandonos dos outros ou por malandragem, ele é sim totalmente capaz de elaborar uma manobra dessas. Mas com isso ele mais uma vez mostrou que seus nervos quando expostos ao limite, não reagem “esportivamente”. Isso não é demérito dele, todo mundo pode estar sujeito a esse tipo de comportamento nessas situações. O Schumacher é excelente piloto, o maior em termos de números, palmas para ele. Mas infelizmente nunca vai estar no mesmo patamar do Fangio, do Lauda, do Stewart, do Fittipaldi, do Clark, até mesmo do campeão sem carisma (como ele mesmo alegou quando perdeu o titulo de 1996) Damon Hill. Ele joga sujo quando está no limite. E merece foto em P&B.

Uhnnf! Me caguei!

Estava eu em um dia daqueles, tudo ótimo, véspera de feriado, serviço rigorosamente em dia e pouca coisa pra fazer na repartição. Pintou as onze e meia da matina e a galera comentou em coro: ”Vamos cair dentro da casa de massas aquela? Saímos agora, comemos umas duas horas e voltamos.” Serviço público tem dessas coisas, mesmo quando tem serviço atrasado o pessoal não dá muita bola, afinal de contas estamos servindo o povo, temos que ser valorizados e paparicados com essas facilidades. Tocamos-nos direto para o estabelecimento que é tradicional em nossa cidade e atende pelo nome de “Engordurando um talharim”. Casa alegre, descontraída, moderna, esteticamente perfeita e com todas as cadeiras e mesas construídas para pessoas, digamos, de porte. Agüentam até 300 quilos. Pedimos a modalidade “coma até explodir por preço fixo” e fomos à batalha. Além do talharim que é óbvio que tem lá, comemos nhoque, macarrão, lasanha, tortei, rondeli, farfale,ravióli, capeleti, espagueti e tudo mais que termina com one, anha ou éti, umas três vezes em seqüência. Passamos um pouco da hora e lá por umas dezesseis e quarenta e cinco, um dos colegas que ainda conseguia falar nos lembrou: “Porra gente, assim não dá, quase final da tarde, simbora!” Levamos mais ou menos dez minutos para sairmos do coma induzido. Coma que eu digo é de comer mesmo, pois estávamos nós todos induzidos a comer por umas quatro horas ininterruptas. Saímos da casa andando de lado, acho que todos sabem o que é andar de lado ,é quando você tem que caminhar ao mesmo tempo em que tenta acomodar a comida no bucho e não morrer de indigestão. Depois de sete passos senti que a coisa não seria como eu esperava e pedi um arrego, alegando que tinha esquecido o chinchila no microondas de casa e precisaria salvar o pescoço desse simpático roedor. Fui do jeito que dava para a casa, cheguei e me atirei no sofá, com pouquíssimo fôlego, meu corpo tinha tanta comida que nem pra oxigênio tinha espaço.Meia hora de um cochilo e acordei melhor, a minha esposa me convidou pra jantar, ela fez uma dobradinha com batata de se babar todo, não dava pra fazer desfeita, e uma hora depois estava eu, triste de tanto comer, com a panela vazia nas mãos. A situação estava braba, não me intimidei e pedi ajuda de todos os deuses da gastronômia pra me deslocar até o quarto. Noite tranqüila até eu sentir algo borbulhando no baixo ventre. Cerca de cinco segundos depois já era uma dor de barriga de ferrar o forévis do palhaço. De olhos bem abertos tentei me acomodar de lado, pois tinha preguiça de mais de levantar, mas isso só piorou a situação. Não daria mais pra evitar o trem bosta, que havia chegado na estação fiofó do sul e com jeito de atrasado ainda por cima. Fiz menção de me levantar, mas acho que a barriga apertou contra alguma parte do corpo que não sei qual é pois não posso enxergá-la e pesou meu cuecão, pesou feio ele.Veio tudo de uma vez, mondongo, farfale, risoto, gelatina, churrasco, caipirinha, pastel de Santa Ifigênia, feijoada, xis tudo, cafezinho, uma porcaria total. Não quis acreditar mas era isso, havia simplesmente me cagado de tanto comer, Que coisa, em plena madruga e na cama, todinho cagado. Eram três da manhã, a minha mulher ainda dormia tranqüila e eu não imaginava o que poderia dizer pra ela. Passei o resto da noite em claro tentando desenvolver uma tese qualquer sei lá, a culpa foi dos marcianos, qualquer coisa. À medida em que os ponteiros avançavam impiedosamente contra mim, as idéias diminuíam e o meu desespero juntamente com o fedor aumentavam. A nêga veia acordou, respirou e deu um pulo da cama: “O que houve Oberdã?Oberdã, eu não acreditoooo!” Como uma luz divina em direção à minha rica moringa, veio a idéia: “Culpa ela cara!”. Respirei fundo e disparei:”Vem cá nêga que sacanagem foi essa comigo? Laxante na dobradinha e esconder o papel higiênico? Tu é louca?” Me levantei com um pedaço de lençol colado na bunda e fui tomar banho. “Brincadeira sem graça nêga, só pode ter partido daquele retardado do teu pai”.